sábado, 10 de dezembro de 2016

Uso Indiscriminado de Metformina para emagrecer


METFORMINA

Mecanismo de Ação da Metformina:

O principal efeito anti-hiperglicemiante da metformina consiste na redução da gliconeogênese hepática. Além disso, ela diminui a absorção gastrointestinal de glicose, aumenta a sensibilidade à insulina nos tecidos muscular e adiposo, e melhora indiretamente a resposta da célula β à glicose por reduzir a glicotoxicidade e os níveis de ácidos graxos livres.

Nos tecidos periféricos, a metformina facilita o transporte de glicose por aumentar a atividade da tirosina quinase nos receptores de insulina e a translocação de transportadores de glicose para a membrana celular. Em adição, um efeito protetor nas células β tem sido demonstrado em ensaios in vitro. Em nível molecular, a metformina gera muitos dos seus efeitos a partir da ativação (exceto no hipotálamo) da proteína quinase ativada por adenosina monofosfato (AMPK).


Indicação Terapêutica:

A metformina é o fármaco de primeira escolha para tratamento de Diabetes Mellitus tipo 2, sendo o anti-hiperglicemiante oral mais amplamente prescrito, devido ao seu perfil de toxicidade favorável e eficácia clínica. O fármaco reduz os níveis de glicose principalmente diminuindo a gliconeogênese hepática, o que leva a um declínio médio nos níveis de insulina, e também promove a captação de glicose no músculo.

A metformina, cuja indicação é para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2, age na diminuição da produção de glicose pelo fígado e aumento da absorção periférica dessa, elevando o número de receptores da insulina. Não se conhece o porquê da ação da metformina na redução de peso, mas acredita-se que a redução da resistência à insulina promove algumas mudanças no equilíbrio de energia que poderia reduzir a necessidade calórica diária do indivíduo e, consequentemente, um menor consumo de alimentos.

Reações adversas e como devemos utilizar (modo de usar corretamente, horário e demais):

Um dos efeitos adversos mais frequentes do uso da metformina é a intolerância gastrointestinal. Cita-se também o gosto metálico, anorexia, náuseas, distensão abdominal e diarreia, os quais, geralmente, tendem a se resolver com a continuação do tratamento. Uma estratégia para reduzir a ocorrência desses efeitos é a ingestão do medicamento com refeições e a elevação da dose gradual, a cada 7 dias, de acordo com os níveis glicêmicos e até se alcançar as metas terapêuticas.


Outro efeito adverso é a deficiência de vitamina B12, devido ao tratamento por longos períodos. Deve ser iniciada em doses baixas (500 mg), ao deitar, com titulação lenta de semanas para evitar os efeitos gastrointestinais. A dose máxima efetiva é de 2 g sendo a dose máxima absoluta de 3 g. Durante o tratamento prolongado deve-se monitorar as funções hepática, cardíaca e renal para evitar o perigo de lacto acidose que é maior nos doentes debilitados com alterações mais graves.

Uso Off Label dos Medicamentos:

Cada medicamento registrado no Brasil possui aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão regulador vinculado ao Ministério da Saúde. Dentre suas atribuições indelegáveis estão o registro de medicamentos, visando o bem-estar físico, mental e social da sociedade brasileira, promovendo seu bem estar e saúde. Contudo, existe uma prática paralela ao uso desse medicamento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua medicamentos off label como todas as indicações usuais que não foram descriminadas em bula ou que ainda não possuam sua indicação aprovada pela agência reguladora para o fim no qual foi destinado. O medicamento off label é aquele utilizado, sem a aprovação da ANVISA, para doenças que não as indicadas em bula.

Um fármaco popularmente utilizado off-label neste contexto é a metformina, um antidiabético oral sensibilizador para a insulina, que aumenta o uptake de glicose sem promover a secreção de insulina. Vários estudos observaram uma perda de peso modesta como efeito secundário. Contudo há estudos que mostraram que este efeito não ocorre em pacientes sem diabetes. A acarbose e o miglitol são antidiabéticos orais que também têm como efeito secundário a perda de peso. Ambos são inibidores da alfa-glicosidase do intestino delgado, reduzindo a digestão e absorção de carboidratos. Pensa-se que a perda de peso advém de um menor uptake calórico, contudo alguns estudos sugerem que estes fármacos permitem uma modulação da produção de GLP-1, aumentando a sensação de saciedade.


Acadêmicas: Bruna Peixoto, Leticia Barz, Marceli de Moura, Thaísa Podgorski e Vanuza Gerardi

6º Semestre curso de Farmácia - URI


REFERÊNCIAS:

NETO, E.M.R. et al .METFORMINA: UMA REVISÃO DA LITERATURA. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/282432363Metformina_Uma_Revisao_da_Literatura>Acesso em :14 de out.2016.

PEREIRA S M.; RAU CARINA. A PRÁTICA OFF LABEL E OS RISCOS ASSOCIADOS À TERAPIAMEDICAMENTOSA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA. Disponível em: < <http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/8mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/A%20PR%C3%81TICA%20OFF%20LABEL%20E%20OS%20RISCOS%20ASSOCIADOS%20%C3%80%20TERAPIA%20MEDICAMENTOSA%20SEM%20ORIENTA%C3%87%C3%83O%20M%C3%89DICA.pdf > Acesso em: 14 de out.2016>.

GALLEGO, M.R. Terapêutica oral da Diabetes tipo 2. RevPortClin Geral 2005; 21:575-84.

NETO, et al. Metformina: uma revisão da literatura. Revista Saúde e Pesquisa, v. 8, n. 2, p. 355-362, maio/ago. 2015 - ISSN 1983-1870 - e-ISSN 2176-9206.

PEREIRA, M. S; RAU, C.A. Prática off label e os riscos associados à terapia medicamentosa sem orientação médica. 2013. Disponível em: <http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/8mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/A%20PR%C3%81TICA%20OFF%20LABEL%20E%20OS%20RISCOS%20ASSOCIADOS%20%C3%80%20TERAPIA%20MEDICAMENTOSA%20SEM%20ORIENTA%C3%87%C3%83O%20M%C3%89DICA.pdf>




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